
O novo iPhone Air pode chamar atenção pelo seu design ultrafino, pela construção em alumínio e vidro, mas segundo Gene Berdichevsky, cofundador e CEO da fabricante de materiais para baterias Sila, o avanço mais significativo está escondido internamente: na própria bateria.
Metal-can: a nova forma rígida de bateria da Apple
A Apple patenteou uma tecnologia chamada de metal can battery (“bateria com invólucro metálico”, em tradução livre). Ao contrário das baterias tipo pouch (com invólucro flexível de plástico), essas novas células têm uma carcaça metálica rígida que envolve toda a célula.
Essa estrutura metálica traz duas vantagens principais:
- Durabilidade física e estabilidade mecânica — o invólucro metálico dá mais rigidez, ajuda a conter deformações (o chamado swelling, inchaço) que são naturais em baterias de íons de lítio.
- Permite formatos bidimensionais ou “irregulares” — como baterias em forma de “L” ou com recortes (notches), aproveitando melhor os espaços livres dentro do aparelho. Isso ajuda a maximizar capacidade dentro de um corpo muito fino.
O que muda na prática com esse tipo de bateria
Espessura reduzida: O iPhone Air é descrito como o iPhone mais fino já feito pela Apple, com cerca de 5,6 mm de espessura. Essa finura extrema exige que todos os componentes internos, inclusive a bateria, sejam remanejados para aproveitar melhor cada milímetro.
Maior ocupação de espaço útil: Com invólucro metálico, a bateria consegue chegar próximo às bordas internas, preencher espaços que antes ficavam vazios por causa da necessidade de amortecer deformações ou compactações, aumentando a densidade energética volumétrica.
Melhor dissipação de calor e segurança mecânica: O metal ajuda a distribuir o calor e reduzir pontos de estresse interno, o que pode prolongar vida útil da célula e melhorar segurança em uso intenso.
Ligação com ânodos de silício: o próximo passo
Berdichevsky destaca que o uso do invólucro metálico rígido pode abrir caminho, no médio prazo, para a adoção de ânodos de silício ou híbridos silício-carbono. Esses componentes têm potencial para oferecer muito mais densidade de energia do que os ânodos tradicionais de grafite.
O problema histórico do silício é o inchaço durante os ciclos de carga e descarga — ele se expande muito mais do que o grafite, o que pode causar falhas internas.
Materiais como os que a empresa Sila está desenvolvendo usam técnicas proprietárias para mitigar esse problema, como estruturas que absorvem a expansão ou material composto que mantém integridade mesmo com variações.
A rigidez do invólucro metálico ajuda a conter mecanismos de deformação, o que torna mais factível o uso de silício sem comprometer segurança ou longevidade.
Implicações para o mercado – celulares e além
Berdichevsky acredita que, embora baterias metal can sejam mais caras de fabricar do que as tradicionais pouch, os benefícios de armazenamento energético compensarão e devem tornar-se padrão em smartphones.
Esse tipo de tecnologia será ainda mais importante para dispositivos menores ou com formatos não convencionais, como óculos de realidade aumentada (AR) ou virtual (VR), onde o espaço interno é ainda mais restrito.
Considerações finais
A Apple, ao lançar o iPhone Air com esta arquitetura inovadora para a bateria, parece estar fazendo uma aposta estratégica: não somente por design ou beleza, mas por eficiência, energia e durabilidade real. Com invólucros metálicos rígidos e possíveis ânodos de silício no futuro, esse pode ser um dos marcos técnicos que definem os próximos anos de evolução em smartphones e wearables.
O avanço da bateria no iPhone Air reforça a busca da Apple por inovação em tecnologia e eficiência energética. Essa evolução acompanha tendências vistas em outros smartphones e pode impactar o futuro de dispositivos como o iPhone 17 e wearables.
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